quarta-feira, 11 de março de 2009

A Galp chupa-chupa

Na passada quarta-feira, 4 de Março, a orgulhosa Galp anunciou os seus resultados de 2008. Ninguém se incomodou com o facto de a companhia petrolífera ter declarado um lucro de 478 milhões de euros, dos quais 105 milhões vieram direitinhos da lentidão de ajustamento à descida dos preços do petróleo internacional.
Ou seja, a Galp passou vários meses a demorar intencionalmente a descida dos preços da gasolina e do gasóleo ao público, ganhando com isso a módica quantia de... respire bem fundo, 105 milhões!
A administração e os accionistas da Galp sentiram certamente grande alegria pelo facto de a empresa ter tido um ano histórico de aumento de lucros. Em momento algum lhes passou pela cabeça que estavam a cometer um grave erro, faltando ao respeito aos seus conterrâneos! Claro que não: para eles era apenas uma forma esperta de ganhar mais dinheiro à custa do mexilhão. De cada vez que iam às bombas atestar, os portugueses pagavam sempre mais do que deviam.
O preço do petróleo a descer a pique e nas bombas aquela teimosa resistência à descida, aquela sacanice tão típica de grande empresa que se está nas tintas para nós.
É por estas e por outras que eu, não sendo de esquerda, percebo perfeitamente a raiva que a esquerda destila contra as grandes empresas. O exemplo que a Galp deu ao País foi o de uma empresa insensível e predadora, que só se interessa em "maximizar o lucro", ou seja, encher os bolsos dos accionistas, e nem por um instante se incomoda com o facto de poder estar a cometer ilegalidades. E a responsabilidade social, para a Galp, não existe? Nas escolas de gestão mais avançadas, onde certamente estudaram muitos dos administradores da Galp e das empresas suas accionistas, ensina-se uma coisa chamada responsabilidade social, que no fundo é preocuparmo-nos com o mundo à nossa volta e não olhar para os consumidores apenas como malta a quem vamos chupar o dinheirinho o mais possível. Infelizmente, foi isso que fez a Galp. Chupou, chupou, chupou até mais não poder.
Infelizmente também, em Portugal não há no PSD ninguém capaz de tornar estas situações numa arma de arremesso política contra o Governo. Sobre o assunto, o PSD disse nada. Não vou aqui especular porquê, mas apenas dizer que o silêncio do PSD foi a medida da sua confrangedora incapacidade. Quem perde uma oportunidade política de ouro como esta para enfurecer a população contra o Governo e com isso se afirmar como alternativa não merece ganhar eleições.


Domingos Amaral,
Correio da Manhã - 11 Março 2009


Concordo com o que está escrito.
Foi perverso assistir aquela orgia concertada de subidas regulares, programadas entre as distribuidoras e logo a seguir á passividade e completo desinteresse em corrigir os preços na descida e assistir ás explicações idiotas dos responsáveis pelas distribuidoras.

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